Desde o final do século
XV, Portugal já se encontrava mergulhado no espírito aventureiro das viagens
marítimas e dos descobrimentos. O renascimento econômico e político, porém só
alcançou o plano da literatura em 1527, quando o Classicismo chegou a Portugal,
com as novidades artísticas levadas da Itália pelo poeta Sá de Miranda, que, em
viagem àquele país, tomara contato com o “doce estilo novo” criado pelos
humanistas.
Essas inovações
temáticas e formais vinham ao encontro dos anseios dos artistas e intelectuais
portugueses da época. Motivados pela euforia das navegações, buscavam uma
literatura que fosse a expressão do espírito da nacionalidade do país, que
imortalizasse o sentimento de valorização experimentado pelo povo português,
bem como os feitos heroicos que lhe haviam dado origem.
A partir desse momento,
a produção literária se enriqueceu. Diversificaram-se os gêneros e surgiram
importantes escritores.
Principais
autores e obras
Lírica:
Luís de Camões e Sá de Miranda.
Épica:
Luís de Camões, com Os Lusíadas (poesia).
Novela
sentimental: Bernardim Ribeiro, como Menina e Moça (prosa).
Novela
de cavalaria: João de Barros, com a Crônica do imperador Clarimundo, e o
Francisco de Morais, com Palmeirim da Inglaterra
(prosa).
Crônica
histórica: João de Barros (prosa).
Literatura
de viagens: Fernão Mendes Pinto, com Peregrinação (prosa).
Antônio
Ferreira, com a tragédia Castro
(a primeira peça teatral de influência clássica no teatro português).
Os Lusíadas
“As
armas e os barões assinalados
Que,
da ocidental praia lusitana,
Por
mares nunca dantes navegados
Passaram
ainda além da Taprobana,
Mais
do que prometia a força humana,
Entre
gente remota edificaram
Novo
Reino, que tanto sublimaram;
E
também as memórias gloriosas
Daqueles
reis que foram dilatando
A
Fé, o Império, e as terras viciosas
De
África e de Ásia andaram devastando,
E
aqueles que por obras valerosas
Se
vão da lei da Morte libertando
-
Catando espalharei por toda parte,
Se
a tanto me ajudar o engenho e arte.
Cessem
do sábio grego e do troiano
As
navegações grandes que fizeram;
Cale-se
de Alexandre e de Trajano
A
fama das vitórias que tiveram,
Que
eu canto o peito ilustre lusitano,
A
quem Neptuno e Marte obedeceram;
Cesse
tudo o que a Musa antiga canta,
Que
outro valor mais alto se alevanta.
[...]”
(CAMÕES, de Vaz Luis, 1572)