O QUE FOI O
BARROCO?
Por: Ana Paula Pires, Carolina Vieira, Gisele Silva, Karen D. Raimundo e Thais Nicolau.
Por: Ana Paula Pires, Carolina Vieira, Gisele Silva, Karen D. Raimundo e Thais Nicolau.
"Se souberas falar também falaras, também satirizaras, se souberas, e se foras poeta, poetaras..." Gregório de Matos
Barroco é um termo utilizado para designar o
estilo artístico predominante na Europa entre o fim do século XVI até
aproximadamente metade do século XVIII. Por ter sido a estética dominante nos
anos de 1600, o Barroco é também chamado de Seiscentismo.
Mas afinal, o que
significa a palavra Barroco?
Há controversas no que diz respeito à origem da
palavra Barroco. Para alguns etimologistas o termo esta ligado a um processo
mnemônico (relativo à memória), que denominava um silogismo aristotélico com
falsa conclusão. Para outros, o termo é relativo a um tipo de pérola com
formato inconstante, ou um terreno assimétrico (desigual). Houve também aqueles
que consideravam a palavra com um sentido negativo, com um significado de
raciocínio de confusão entre o falso e o verdadeiro.
O que acontecia na
história, durante o Barroco Europeu?
Surgido em Roma, Itália, expandindo-se por outros
países europeus, o Barroco tornou-se vigoroso e importante na Espanha, onde o
catolicismo dominava o pensamento religioso; mesmo assim o país não se deixou
influenciar pela antipatia que dividiu o Catolicismo.
Fatos importantes:
• Saída dos protestantes liderados por Lutero e
Calvino, defensores da reforma Catolicista, acarretando o enfraquecimento da
Igreja.
• Início do movimento Contra-Reforma, formado pelos
jesuítas com o intuito de fortalecer a pregação religiosa do catolicismo.
• O Concílio de Trento: Assembleia das autoridades
eclesiásticas, com intenção de propor diretrizes para a ação missionária,
objetivando a conquista dos fiéis.
• Expansão do Império e crescimento do comércio o
que levou ao crescimento de Lisboa, reconhecida como a capital mundial da
pimenta, e abandono dos campos e agricultura.
• Desaparecimento de D. Sebastião que origina em
Portugal, o mito do Sebastianismo, ou seja, a crença de que não tinha morrido,
mas que voltaria.
• 1580, ano da morte de Camões e unificação
ibérica. Portugal passa a ser dominado pelos espanhóis, período que perdurou
por 60 anos.
• Período de crescimento Europeu, devido às
pesquisas e descobertas cientifica por Francis Bacon, Galileu, Kepler e Newton,
porém a Península Ibérica permanece como um recinto para a cultura medieval.
•
Termino do ciclo das grandes navegações.
O que acontecia na
história, durante o Barroco Brasileiro?
• Brasil como colônia portuguesa, permanece na
doutrina contrária à razão e ao progresso; ideia medieval; traçado pelo modelo
da metrópole.
• O Barroco brasileiro "crioulizado", ou
seja, mistura da tendência europeia com a visão local nativista.
•
Transformações econômicas provocadas pela
atividade açucareira.
•
Transformações culturais provocadas pela invasão
holandesa em terras nordestinas.
•
O Barroco da cana-de-açúcar: grande expressão
barroca na Bahia com o ciclo da cana-de-açúcar, como atividade social e
econômica que possibilitou este movimento.
• O Barroco do Ouro: ciclo do ouro na região
Sudeste, mais fortemente em Ouro Preto e Mariana, cidades de Minas Gerais,
contexto que projetou um forte dinamismo à vida urbana e tornou propício o
desenvolvimento das artes plásticas.
• No Brasil, por motivos didáticos, o Barroco é
delimitado entre os anos 1601 e 1768, por dois grandes acontecimentos: 1601,
publicação de Prosopopeia, de Bento Teixeira Pinto; e 1768, publicação das
obras poéticas de Claudio Manuel da Costa que marcam o início do Arcadismo no
Brasil.
Características do
Barroco
• O Barroco foi um movimento estético concordante
com as ideias católicas. Esta manifestação serviu de razão para a ideologia da
Contra-Reforma.
•
Crise dos valores renascentistas, devido às lutas
religiosas e dificuldades econômicas por causa da falência do comercio com o
Oriente.
• O homem vivia entre a tensão e o desequilíbrio na
fuga pelo culto exagerado da forma, tornando a poesia sobrecarregada de figuras
como a metáfora, a antítese e a hipérbole.
•
A arte Barroca é marcada por fortes temáticas:
conflitos entre o terreno e o celestial, o homem e Deus (antropocentrismo e
teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo
renascentista, o material e o espiritual. A arte assumiu uma tendência
sensualista, expressando atitudes contraditórias do artista relacionados ao
mundo, a vida, os sentimentos e à si mesmo, na busca pela salvação de forma
angustiante.
• Sentimentos exaltados: a paixão x razão, estado
de espírito totalmente contubardo. O argumento já não segue o modelo lógico e
claro do Classicismo, e é criado de forma atormentada no intuito de capturar o
que é a vida, a morte e o amor, por meio de imagens e sugestões.
• A principal intenção do Barroco é impressionar os
sentidos do espectador, provocando surpresas, deslumbre e mais, maravilhar o
público utilizando assimetria com estilo grandioso, retorcido e monumental que
toma o lugar da geometria e a harmonia da arte renascentista; na pintura e
arquitetura, realce nos efeitos de luz e sombra, visando a veemência e sensação
de profundidade; escolha de cenas e imagens com maior intensidade dramática.
Destacam-se no Barroco, dois importantes estilos: o Cultismo e o Conceptismo.
Destacam-se no Barroco, dois importantes estilos: o Cultismo e o Conceptismo.
CULTISMO: Marcado pela
rebuscada linguagem culta e extravagante, e valorização das minúcias nos jogos
de palavras, fortemente influenciado pelo poeta espanhol Luís de Gôngora.
CONCEPTISMO: Caracterizado
pelo jogo de ideias, conceitos e raciocínio lógico e racionalista fazendo uso
de uma retórica aprimorada, muito influenciado pelo poeta espanhol Luís de
Quevedo.
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MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DO BARROCO
Ao braço do mesmo
Menino Jesus quando apareceu de Gregório de Matos:
O todo sem parte
não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.
Em todo sacramento
está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.
O braço de Jesus
não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo
parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.
Ao escrever este poema Barroco, Gregório de Matos
buscou por meio deste estilo literário, persuadir o leitor com comparações e
parábolas, criando um jogo de palavras e ideias, característica predominante de
uma das vertentes do Barroco, o conceptismo. Nesta obra, o autor exalta o poder
de Deus que está em todo lugar, assistindo a todos. Além disso, Gregório
utilizou premissas como:
Premissa maior: O todo sem parte não é todo,
Premissa menor: A parte sem o todo não é parte...
Logo: ... Não se diga que é parte, sendo todo.
Premissa menor: A parte sem o todo não é parte...
Logo: ... Não se diga que é parte, sendo todo.
Quanto à forma, o poema foi escrito em forma de
soneto, contendo rimas exclusivamente com as palavras "parte" e
"todo", exaltando o tema do poema de que "O todo sem parte não é
todo...". (Falar sobre a metrificação e a escansão de alguns versos).
Gregório de Matos nasceu em 7 de
abril de 1633 em Salvador, é considerado um dos maiores poetas da língua
portuguesa. Suas obras relatam sobre a sociedade da época, fazendo críticas
duras a políticos, religiosos e empresários, por serem parte do Barroco, muitas
obras relatam também, o conflito entre os homens e Deus. Em 1694 foi deportado
para Angola devido às críticas feitas a autoridades, neste país contraiu uma
febre. Quando pode voltar ao Brasil, Gregório foi morar no Recife onde morreu
de febre no dia 26 de novembro de 1696.
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O Sermão da Sexagésima de Pe. Antônio Vieira:
O texto sobre a obra sermão da sexagésima, aborda
a maneira como o pregador desenvolve a Palavra de Deus.
No mundo temos diversas igrejas, muitos
pregadores, mas poucos resultados.
A palavra de deus tem sido mal pregada, com isso,
nossas sementes não dão frutos, plantamos e não colhemos. Mas de quem será a
culpa? Dos pregadores ou dos ouvintes?
Em determinado trecho do sermão, o Padre Antônio
vieira cita que hoje se pregam palavras e pensamentos, diferente da
antiguidade, em que as pregações eram baseadas em palavras e obras, e palavras
sem obras são tiros sem bala, que perfuram, mas não deixam marcas, fazem com
que os cristãos ouçam e reflitam no momento da pregação, mas depois, este
pensamento não é levado adiante.
Uma justificativa pode ser o fato de muitas
pessoas serem visuais. Faltam obras e imagens, muitos precisam ver para crer.
Por muitas vezes o autor faz menção as escrituras
e lança muitas perguntas, deixando clara sua indignação de o homem não frutificar.
"Se a palavra de Deus é tão eficaz e
tão poderosa, como vemos tão pouco fruto da palavra de Deus"? Mas logo
adiante, conclui: "Fazer pouco fruto
a palavra de Deus no Mundo, pode proceder de um de três princípios: ou da parte
do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus".
Antônio vieira ainda coloca uma suposição de que,
para haver a conversão de almas por meio da pregação, é necessário no mínimo de
três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte.
Ora, podemos exemplificar esta ideia de modo mais
prático: O professor seja o pregador; os alunos são os ouvintes; e a matéria a
ser aplicada, a palavra ou semente. Acredita-se que se a matéria não for
passada adiante, a culpa é inteira do ouvinte, pois o professor tem uma
formação para ocupar tal cargo, a matéria é real, é verdadeira, o que realmente
acontece ou aconteceu. Já o estudante, se não estiver em um de seus bons dias,
não adianta. Ele há de ouvir tudo á ser explicado, só não se sabe se ele irá
filtrar alguma coisa e até passar este entendimento adiante.
O autor diz que se o homem não for capaz de dar
frutos, por culpa da palavra não é e nem há de ser, visto que Deus continua o
mesmo, tão poderoso quanto no passado. Pois se a palavra não deixa de
frutificar por parte de Deus, ora, a culpa á de ser do pregador ou do ouvinte.
Considerando ainda, que um joga a culpa sobre o outro.
"Os ouvintes ou são maus ou são bons; se são
bons, faz neles fruto a palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles
fruto, faz efeito." Os bons, figurado no sermão como "terra
fértil" são aqueles de coração humilde, sempre apto a receber a semente e
frutificar. Os maus, chamados de espinhos, pedras ou caminhos, são os tolos.
Aqueles de coração duro, de difícil entendimento e aceitação da palavra. Mas a
palavra é tão poderosa, que ainda que a semente não floresça, nasce e faz
efeito.
"Mas se as
palavras dos pregadores não são palavras de Deus, que muito que não tenham a
eficácia e os efeitos da palavra de Deus?... diz o Espírito Santo: «Quem semeia
ventos, colhe tempestades». Se os pregadores semeiam vento, se o que se prega é
vaidade, se não se prega a palavra de Deus, como não há a Igreja de Deus de
correr tormenta, em vez de colher fruto?"
Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa em 1608,
sua maior característica é o poder de persuasão em seus sermões. Padre Antônio
Vieira é considerado um dos maiores escritores da sua época, sua obra pode ser
dividida em sermões, cartas e profecias. Faleceu em 1697 no Brasil.
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ARQUITETURA BARROCA
IMAGEM 1 - Igreja de São Francisco é uma das
obras arquitetônicas
barroca mais conhecida da cidade de Salvador
IMAGEM 2 - O Carregamento da Cruz faz parte do
conjunto das 66 obras da Via Sacra.
IMAGEM
3 - Torre dos Clérigos - Uma torre sineira
pertencente a Igreja dos Clérigos,
situada
na cidade do Porto em Portugal.
IMAGEM 4 - Igreja das Carmelitas (esquerda) e Igreja do
Carmo (direita)
Situadas na cidade do Porto em Portugal.
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REFERÊNCIAS
CAMPEDELLI, Samira
Yousseff; SOUZA, Jésus Barbosa. Português: Literatura, Produção de textos e
Gramática. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
CAMPEDELLI, Samira
Youssef. Literatura História & Texto – 8ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1999
CEREJA,
William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português Linguagens 2.
Editora atual. 2004.
FARACO, Carlos Emíio;
MOURA, Francisco Marto. Português. 1.ed. São Paulo, 2002.
NICOLA, José de.
Literatura Portuguesa das origens aos nossos dias. 7 ed. São Paulo:
Scipione, 1999.
TUFANO, Douglas. Estudos de Literatura Brasileira.
3.ed. São Paulo: Editora Moderna, 1983
Imagem
1
– Disponível em: < http://www.chocolate-fish.net/img_-4097>. Acesso em 07 Novembro 2013.
Imagem
2
– Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Aleijadinho>. Acesso em 07 Novembro 2013.
Imagem
3
– Disponível em: < http://www.feelporto.com/destinos/torre-dos-clerigos/>. Acesso em 07
Novembro 2013.
Imagem
4
– Disponível em: < http://pt.dreamstime.com/imagens-de-stock-portugal-porto-igreja-de-carmo-image5843894>.
Acesso em 07 Novembro 2013
O mais interessante deste período Literário é que, segundo pesquisas, foi uma tendência artística que teve seu desenvolvimento inicialmente nas artes plásticas e somente um tempo depois, se manifestou na música, teatro e literatura. No caso do Barroco brasileiro, foi um movimento que ocorreu com grandes influências do barroco europeu, mas com o tempo, foi ganhando vida própria. A maior parte das produções artísticas durante o Barroco Brasileiro aconteceu nas cidades auríferas de Minas Gerais durante o século XVIII, o chamado século do Ouro. Eram cidades ricas, que em pleno seu desenvolvimento, tinham grande vida artística e cultural. Por: Gisele Silva
ResponderExcluirBarroco é conhecido como sendo uma Escola Literária no período do final do século XVI e início do século XVII. Conhecido como a arte da Contra-Reforma, o período foi marcado pelos contrastes e dilemas vividos pelo individuo que se via entre o céu e a terra, a salvação e o pecado.
ResponderExcluirComo sucedeu um período de forte antropocentrismo Classicismo o Barroco foi marcado pela contradição e dualidade de ideias filosóficas. Ao mesmo tempo em que queria gozar dos prazeres da vida o homem se preocupava constantemente com a salvação de sua alma e sua vida eterna. Por: Da Silva, Paulo Cesar
Nessa época também, a intenção do Barroco era atingir a fé através dos sentidos e das emoções e não somente pelo raciocínio, era provocar comoções e encanto maravilhando a sua população com a aplicação de seus diversos recursos e sempre na intenção de valorizar bem as forças opostas como: o céu e a terra, a pureza e o pecado, a alegria e a tristeza, Deus e o diabo, o bem e o mal. Por: Karen Daniele
ResponderExcluirQuanto a imagem da Igreja... Estive em Salvador em Abril desse ano, e realmente é tudo muito lindo. Tive a oportunidade de visitar a Igreja e Convento de São Francisco. Tudo banhado a ouro com vários detalhes de Anjos nas paredes e tudo minuciosamente feio à mão. Extremamente perfeito e ótimo para aprendermos um pouco mais sobre as artes e pinturas barrocas. Por: Karen Daniele
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