O Renascimento foi um amplo movimento econômico, cultural e científico, surgido na Itália, em fins da Idade Média, e que rapidamente se espalhou por toda a Europa. Nesse período, houve um notável florescimento das artes, que substituíram o primitivismo medieval pela noção de perspectiva, pela multiplicação das cores e pelo maior equilíbrio com que as formas humanas passaram a ser retratadas. Desse modo, a literatura clássica também refletiu um espírito novo, mais centrado no ser humano, nos seus problemas e suas conquistas.
À luz dessas ideias, iniciou-se, no século XVI, o movimento literário chamado Classicismo. O período histórico da Era Clássica envolve a queda do feudalismo, a expansão marítima e o desenvolvimento do capitalismo. Esse período permanece até que outra configuração política, econômica e social se estabeleça com a chegada das revoluções Industrial e francesa. A Era Clássica enfatiza a poesia, a mitologia; os autores clássicos, como Homero, Virgílio e Horácio; a exaltação da vida no campo e o bucolismo. Nessa época, surge Willian Shakespeare, um dos maiores dramaturgos de todos os tempos, revolucionando o teatro com o seu interesse pela análise da natureza humana. Existem muitas características do Classicismo como: a imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade, como Homero, Virgílio, Ovídio, valorizando além do soneto, as epopeias; o uso da mitologia, onde os deuses e as musas, inspiradores dos clássicos gregos e latinos, aparecem também nos clássicos renascentistas; predomínio da razão sobre os sentimentos, a linguagem é objetiva e não é impregnada de sentimentalismo; uso de uma linguagem simples, sem excessos de figuras de linguagem; idealismo, ou seja, perfeição formal, a ordem lógica do pensamento; amor platônico, os poetas clássicos revivem de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro; busca da universalidade e impessoalidade, a expressão de verdades universais, eternas despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo. Os principais autores desse período, em Portugal, são: Sá de Miranda, Luiz Vaz de Camões, João de Barros, Bernardim Ribeiro, Antônio Ferreira, Diogo Bernardes, Damião de Góis, Fernão Mendes Pinto, Fernão Cardim .
SÁ DE MIRANDA
Francisco Sá de Miranda nasceu em 1481, em Coimbra (Portugal), e faleceu em 1558. Introduziu o Classicismo em Portugal, trouxe o dolce stil nuovo (doce estilo novo) ao retornar da Itália e ter conhecido grandes poetas da época. Além da valorização pela vida bucólica e a liberdade individual, conseguiu aliar as medidas nova (decassílabo) com a velha (redondilhas) harmoniosamente.
Redondilhas
Ó meus castelos de vento que em tal cuita me pusestes, como me vos desfizestes! Armei castelos erguidos, esteve a fortuna queda, e disse:– Gostos perdidos, comois a dar tão grã queda! Mas, oh! fraco entendimento! em que parte vos pusestes que então me não socorrestes? Caístes-me tão asinha caíram as esperanças; isto não foram mudanças, mas foram a morte minha. Castelos sem fundamento, quanto que me prometestes. quanto que me falecestes Comigo me desavim, sou posto em todo perigo; não posso viver comigo nem posso fugir de mim. Com dor, da gente fugia, antes que esta assicrecesse; agora já fugiria de mim, se de mim pudesse. Que meio espero ou que fim do vão trabalho que sigo, pois que trago a mim comigo, tamanho inimigo de mim?
LUIZ VAZ DE CAMÕES
Luiz Vaz de Camões nasceu em 1524 possivelmente em Lisboa (Portugal), e faleceu em 1580. Estudou em Coimbra, tendo contato com grandes escritores da Antiguidade Clássica. O maior nome da literatura portuguesa e um dos maiores da literatura universal. Sofreu um naufrágio na costa de Cochinchina numa viagem de volta para a Índia, mas conseguiu salvar os manuscritos de Os Lusíadas, embora tenha perdido, segundo a lenda, a sua amante oriental Dinamene. Após a publicação de Os Lusíadas (1572) recebeu do rei uma pensão, mas, mesmo assim, morreu na miséria. Escreveu poesias lírica e épica. Na poesia lírica, há o uso do soneto decassílabo, cantando a temática amorosa, da mulher inatingível, com muitas referências a episódios bíblicos. Na épica, Camões escreveu uma das maiores epopeias do mundo ocidental: Os Lusíadas. Escrita em 1102 estrofes, com 8816 versos decassílabos em oitava rima (ABABABACC), exalta a glória do povo português na viagem de Vasco da Gama à África. A epopeia segue a rígida estrutura clássica.
Verdes são os campos
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
Alma minha gentil, que te partiste
SONETO
Alma minha gentil,
que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
REFERÊNCIAS
COLÉGIO WEB. Camões lírico – a lírica clássica – a medida nova. [s.d.]
Disponível em: <www.colegioweb.com.br/literatura/camoes-lirico--a-lirica-classica-a-medida-nova.html>. Acessado em: 20 abr. 2013.
HOMERO. Odisséia. Trad. por Manoel O. Mendes. 3ed. 2009. Disponível em:
<www.ebooksbrasil.org/adobeebook/odisseiap.pdf>. Acessado em: 21 abr. 2013.
INSTITUTO DE SISTEMAS E ROBÓTICA. Luiz Vaz de Camões. [s.d.] Disponível
em: <http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/camoes.html>. Acessado em: 21 abr. 2013.
MASSAUD, Moisés. Literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1997.
Grupo:
HELEN SILVA DO NASCIMENTO 0000044079
LEANDRO VIEIRA LARA 4200063296
LUCINÉIA APARECIDA DO NASCIMENTO 0000042030
MÔNICA ALVES 0000043889
Com certeza os escritores classicistas retomaram a ideia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expressão das emoções.
ResponderExcluirMônica Alves ,curso de letras(6º SEMESTRE 1 AN ESPECIAL).
O Classicismo faz a propaganda da visão de mundo Humanista, que passa a definir toda a produção estética do período.
ResponderExcluirLucineia Aparecida do Nascimento,(curso de letras(6º SEMESTRE 1 AN ESPECIAL).
Em lugar de esperar que o conhecimento de mundo lhe seja dado por revelação divina,o novo individuo procura observar a natureza,documentar e analisar o que vê.Essa postura faz com os textos do Classicismo ganhem uma perspectiva mais universalista.
ResponderExcluirHelen Silva do Nascimento,(curso de letras(6º SEMESTRE 1 AN ESPECIAL).
O classicismo confere maior importância às faculdades intelectuais do que às emocionais na criação das obras de arte, porque busca a expressão de valores universais acima dos particularismos individuais ou nacionais. Inspirando-se nos modelos da Antiguidade clássica greco-romana, estabeleceu princípios ou normas, como a harmonia das proporções, a simplicidade e equilíbrio da composição e a idealização da realidade.
ResponderExcluirParabéns Meninas!!! Depois comentem o do Simbolismo, please...
Marina Caetano RA:1299183445