O Natural do Naturalismo.
" A forma científica que a arte assume" (Eça de Queiros)
Por, José, Lenilson, Marcos e Silvia.
O Naturalismo embora
concomitante ao Realismo em sua ideologia difira se deste, assume
peculiaridades como: o romance experimental; a retratação da coletividade e das
classes baixas. Sob um prisma experimental, o naturalista assume um papel de
cientista, ou sociólogo a fim de averiguar, compreender causas e efeitos, e denunciar as mazelas sociais.
Influenciado pelas correntes materialistas que impactaram a sociedade na segunda metade do séc XIX:
Correntes Materialistas:
DARWINISMO: (Charles Robert Darwin -1809/1881)
""""
O Naturalismo, ou “realismo – cientifico”, manifesta por meio de sua estética, as mazelas da sociedade, as patologias sociais: o instinto, a libido, os traumas, os vícios, de uma forma escancarada, objetiva e clara. Enquanto o Realismo, conforme, Massaud, “cerra as cortinas antes de iniciar-se o encontro genesíaco das personagens”, o Naturalismo, “abre as cortinas e acompanha minuciosamente o desenrolar das cenas, com interesse de cientista ou de sociólogo...”. O realista é o policial que chega à cena do crime, isola o local, para que os peritos, especialistas, no caso, os naturalistas, possam de forma detalhada examinar os fatos onde ocorrera o crime.
Surge na França em 1867, como decorrência do Realismo, a primeira obra Naturalista, o romance de tese, Thérèse Raquin de Émile Zola, com forte influência do positivismo de Comte, e do Darwinismo:
1º Obra Naturalista.
![]() |
click para baixar o livro |
![]() |
Emile Zola |
""""
Em Portugal, as ideias
Realistas, surgem com a Questão Coimbrã, no ano de 1865. Um de seus
“literatos” de maior evidência, é Eça de Queirós (realista/naturalista), com
suas muitas obras de vários gêneros: romances, contos, textos jornalísticos,
literaturas de viagens e hagiografias. Atinge o ápice com a trilogia, O Crime do
Padre Amaro (1875), Os Maias (1871), e o Primo Basílio. Neste ultimo, o autor,
denúncia “as moléstias degenerescentes no centro nevrálgico da Nação a Capital”
conforme nos relata Massaud em seu livro, A literatura Portuguesa:
“o
ficcionista penetra agora no recesso dum lar burguês pretensamente sólido e
feliz, e nele descobre a existência de igual podridão moral e física; um
matrimonio efetuado “no ar” por Luisa, uma adolescente tonta de todo e cheia
duma vida imaginativa e vegetativa, revela se frágil com o afastamento do
marido, Jorge, que viaja para Alentejo á fiscalizar suas “minas”, e a chegada
do sedutor, o Primo Basílio, formado o celebre trio amoroso...” (p.231)
Filme: "O Primo Basílio"
No Brasil, o Naturalismo, inicia-se, em 1881, com a publicação de O Mulato, de Aluísio de Azevedo:
Livro: "O Mulato"
![]() |
"Click na figura para baixar o livro em PDF" |
No entanto, sua obra de maior prestigia, é o romance de tese ou experimental, O Cortiço. Romance que com as palavras de Massaud, em seu livro A Literatura Brasileira Através dos Textos (p.230): “O Cortiço é dos espécimes mais acabados da tendência naturalista em nossa letra...”. Obra de forte influência positivista, que sintetiza a causa dos conflitos existenciais, a três fatores, “a herança, o ambiente e o momento”. Os personagens sofrem de taras sexuais e patologias, são influenciados pelo meio, vistos como animais que rendem-se aos seus instintos, mesmo que sejam imorais. O Autor focaliza de perto, as deturpações sociais presentes em comunidades “promíscuas”. Percebe se o olhar do autor para as classes baixas, e sua ênfase no coletivo: não importa os gostos, sentimentos dos personagens, mas sim o que eles representam, são estereótipos:
Fragmento " O Cortiço":
![]() |
click para baixar o livro |
Filme "O Cortiço":
Aluísio Azevedo, é o romancista dos grupos sociais. Característica esta, marcante no naturalismo brasileiro, o olhar para as classes desfavorecidas, com intuito de denunciar as desigualdades, as imoralidades, os preconceitos, as patologias.
Aluísio Azevedo, é o romancista dos grupos sociais. Característica esta, marcante no naturalismo brasileiro, o olhar para as classes desfavorecidas, com intuito de denunciar as desigualdades, as imoralidades, os preconceitos, as patologias.
Enfim, o naturalista
é um cientista, que se mune dos ideais positivistas, deterministas,
darwinistas, para averiguar, compreender causas e efeitos, e denunciar as mazelas sociais.
Referências:
CEREJA,
William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Panorama da literatura
portuguesa – ensino médio. 2ª ed. rev. e ampl. São Paulo:
Atual, 1997.
MASSAUD, Moisés. Literatura brasileira através de texto. 1º ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1971.
MASSAUD, Moisés. Literatura Portuguesa. 9º ed. São Paulo. São Paulo: Editora Cultrix, 1971.
http://www.literaturaeshow.com.br, acessado em 02/11/2013
Bom!
ResponderExcluirJosefa C.C.Innocêncio
ResponderExcluirSegundo Cereja e Magalhães, Oswald de Andrade criticou o naturalismo, denominando-o como um fenômeno de democratização da estética no mundo. copiar.
Porém, não poderia ser diferente, pois, o naturalismo é voltado para a análise da realidade científica.
Parabéns!!!
ResponderExcluirMichele Ferreira dos Anjos RA : 1299876525
Muito bom!!!!
ResponderExcluirOs autores naturalistas procuravam demonstrar a validade de uma teoria científica acerca do comportamento humano. Como se a ficção e suas personagens fossem um laboratório de experiências científicas, os escritores naturalistas utilizavam conhecimentos de Biologia, da Psicologia e da Sociologia para explicar casos patológicos individuais, perdendo, muitas vezes, o todo da realidade brasileira.
Parabéns!!!
Oswaldo Ferreira de Alencar Junior RA - 1299141108
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOs autores naturalistas não procuravam demonstrar a validade de uma teoria científica acerca do comportamento humano, pois, eram apenas escritores. O naturalismo é uma lente sobre os fatos sociais, os personagens são vozes destes fatos.
ResponderExcluir_____________
Oswald de Andrade era um burguês insatisfeito com a falta de identidade cultural do povo brasileiro. Será que o Cereja escreve tanta bobagem?
"o naturalismo é voltado para a análise da realidade científica", ou a frase está mal elaborada, ou vou rasgar o meu livro de Literatura. :-) Análise da realidade científica só pode ser feita por cientistas. Tanto que hoje se fala em letramento científico.